O preconceito não tem peso físico que possa ser contabilizado em uma balança, mas pesa bem mais que o corpo de um gordo.

O preconceito não tem sexualidade nem preferência por gênero, mas é tão violento quanto um estupro.

O preconceito não tem cor visível, mas com toda certeza é bem mais escuro que a pele de um negro.

O preconceito não tem preço ele é distribuído de graça, o preconceito é vivo e se move com rapidez de um lince, espalha-se como um vírus, impregna o mundo e permanece anônimo mesmo quando esta mostrando a cara.

Dê voz a sua luta, seja contra o preconceito seja ele em que seguimento social esteja, o peso do preconceito pode ser grande,

porem o peso da sua força é bem maior.(Milly Costa)

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4 de out. de 2011

PODE ME CHAMAR DE GAY






Pode me chamar de gay, não está me ofendendo. Pode me chamar de gay, é um elogio.
Ser gay me favorece, me amplia, me liberta dos condicionamentos. Não é julgamento, é uma referência.
Pode me chamar de gay, está dizendo que sou inteligente. Está dizendo que converso com ênfase. Está dizendo que sou sensível.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me preocupo com os detalhes. Está dizendo que dou água para as samambaias. Está dizendo que me preocupo com a verdade.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que guardo segredo. Está dizendo que e importo com as palavras que não foram ditas. Está dizendo que tenho senso de humor. Está dizendo que sou carente pelo futuro. Está dizendo que sei escolher as roupas.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que cuido do corpo, afino as cordas dos traços. Está dizendo que falo sobre sexo sem vergonha. Está dizendo que danço levantando os braços.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que choro sem o consolo dos lenços. Está dizendo que meus pesadelos passaram na infância. Está dizendo que dobro a toalha de mesa como se fosse um pijama de seda.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou aberto e me livrei dos preconceitos. Está dizendo que posso andar de mãos dadas com os anéis. Está dizendo que assisto a um filme para me organizar no escuro.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que reinventei minha sexualidade, reinventei meus princípios, reinventei meu rosto de noite.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que não morri no ventre, na cor da íris, no castanho dos cílios.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou o melhor amigo da mulher, que aceno ao máximo no aeroporto, que chamo táxi com grito.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me importo com o sofrimento do outro, com a rejeição, com o medo do isolamento. Está dizendo que não tolero a omissão, a inveja, o rancor.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sei esperar sua primeira garfada antes de comer. Está dizendo que não palito os dentes. Está dizendo que desabafo os sentimentos diante de um copo de vinho.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou generoso com as perdas, que não economizo elogios, que coleciono sapatos.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou educado, que sou espontâneo, que estou vivo para não me reprimir na hora de escrever.
Pode me chamar de gay. Que seja bem alto. A fragilidade do vidro nasce da força e do ímpeto do fogo”.      

[Carpinejar. Canalha!: retrato poético e divertido do homem contemporâneo. Crônicas. Bertrand Brasil. 2008].

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2 comentários:

  1. É impressionante vivermos num mundo onde podemos produzir clones, conseguimos eliminar diversas doenças, dominamos absurdamente a tecnologia e ainda somos tão ignorantes e preconceituosos contra nós mesmos :(

    Triste isso....

    Beijo grande Nanah!

    www.recemjuntada.blogspot.com
    Importante: amiga querida, se meu blog estava na sua lista de blogs favoritos com o endereço antigo, por favor corrija e me siga no novo endereço please :)

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