O preconceito não tem peso físico que possa ser contabilizado em uma balança, mas pesa bem mais que o corpo de um gordo.

O preconceito não tem sexualidade nem preferência por gênero, mas é tão violento quanto um estupro.

O preconceito não tem cor visível, mas com toda certeza é bem mais escuro que a pele de um negro.

O preconceito não tem preço ele é distribuído de graça, o preconceito é vivo e se move com rapidez de um lince, espalha-se como um vírus, impregna o mundo e permanece anônimo mesmo quando esta mostrando a cara.

Dê voz a sua luta, seja contra o preconceito seja ele em que seguimento social esteja, o peso do preconceito pode ser grande,

porem o peso da sua força é bem maior.(Milly Costa)

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21 de dez. de 2010

Minoria da PESADA !





Pesquisa atesta preconceito contra obesos, que ganham menos e penam para arrumar emprego

O texto abaixo é de Mauricio Oliveira e foi publicado pela revista VEJA 


Os movimentos contra os preconceitos de que são vítimas os mais diferentes grupos sociais, étnicos e parcelas da população prosperaram com muita vitalidade nas últimas décadas. Uma das minorias atingidas, entretanto, nunca mereceu maior atenção, mesmo se tratando da que ocupa mais espaço físico. São os obesos, cuja discriminação no mercado de trabalho começa agora a ser comprovada. Um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, coordenado pelo professor de administração Mark Roehling, concluiu que a probabilidade de uma pessoa ser preterida na hora da contratação por estar muito acima do peso considerado ideal pela medicina pode ser maior que a de um negro e até de um ex-presidiário, dois segmentos historicamente colocados à margem da sociedade. Ele pesquisou empresas da região de Michigan e constatou restrições na hora de contratar, promover ou dar aumentos salariais a empregados gordos. A Associação para o Avanço da Aceitação da Obesidade, uma organização não-governamental com sede em San Francisco, chegou a fazer cálculos sobre os prejuízos financeiros. Os executivos em postos de alta gerência com 20% de excesso de peso ganham 4.000 dólares a menos por ano que os profissionais enquadrados no manequim esbelto. No caso de mulheres muito gordas, a diferença de salários pode chegar a 24% para a ocupação de cargos equivalentes. Timidamente, a causa dos obesos tenta alçar vôo – a associação de San Francisco tem 5.000 afiliados, número ainda magro se comparado à abundância de militantes que afluem aos movimentos gays, feministas ou antitabagistas.

No Brasil, a ditadura da balança também faz suas vítimas no mercado de trabalho, atingindo aqueles que se enquadram na classificação de obesos, baseada em uma equação simples que leva em conta o peso e a altura de cada indivíduo. Em um levantamento da consultoria Catho, foi apresentada a 1 400 executivos uma lista de razões que podem barrar um pretendente a emprego. Nada menos do que 73% dos presidentes e diretores e 68% dos gerentes cravaram um "x" na alternativa "ser gordo". O índice foi superior ao de outros tradicionais motivos de rejeição, como "estar desempregado há mais de seis meses", "ser mulher com filhos pequenos" e "ter mais de 50 anos". "O obeso é visto como alguém lento e não sadio, por mais que isso não seja verdade", afirma o headhunter Marcelo Mariaca, da consultoria Mariaca & Associates, acostumado a selecionar executivos sob encomenda de grandes corporações. "Cabe a ele escolher se é melhor conviver com esse preconceito inevitável ou se vale a pena lutar para perder peso."

Já começam a ser registrados no Brasil os primeiros casos em que a discriminação é contestada. Um deles deu-se em Jundiaí, no interior de São Paulo. Interessada em uma vaga para caixa no supermercado Carrefour, Daniela Aparecida Xavier, jovem de 21 anos, apresentou o currículo e duas semanas depois foi chamada para a entrevista. Só que, quando a viu pessoalmente, o encarregado pela seleção disse, na frente das outras candidatas, que ela não seria chamada por ser gorda. A moça saiu da sala chorando. O episódio chegou ao conhecimento do Ministério Público do Trabalho, que convocou o supermercado para prestar esclarecimentos. "A empresa apresentou a justificativa de que ela não poderia ser contratada porque não caberia no caixa, o que confirmou a discriminação", conta o procurador Ronaldo José de Lira. Ao final do processo, a rede varejista comprometeu-se a não repetir a atitude, sob pena de pagar multa diária de 5.000 reais.

Já o caso do comissário de bordo Mauro Lopes Bernardes, 43 anos, de São Paulo, foi parar na Justiça do Trabalho. Ex-funcionário da Transbrasil, depois de uma década de profissão ele começou a engordar – e a ser pressionado por seus superiores. "Havia até colegas que me deduravam, contando que eu tinha repetido o prato", diz Mauro Lopes. Quando chegou aos 115 quilos, distribuídos em 1,80 metro de altura, pediu demissão e entrou com processo trabalhista. "Só havia cobrança e nenhuma ajuda", ele se queixa. Sua reclamação maior era que a atividade estressante, os horários irregulares das refeições e as noites mal dormidas, típicas em sua profissão, facilitaram o crescimento horizontal. Hoje, tem 25 quilos a menos, performance obtida e mantida enquanto aguarda o desfecho do processo. Nos Estados Unidos, já há escritórios de advocacia especializados em causas similares. "Lá, como aqui, o grande problema é conseguir uma prova consistente, porque a discriminação sempre vem disfarçada em outras alegações", diz o presidente da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas, Luís Carlos Moro.

Em determinadas circunstâncias, o preconceito pode ser escorado em motivos médicos. Obesos têm maior propensão a doenças e isso é uma grande preocupação para as empresas, porque faz aumentar os períodos de licença, o índice de faltas ao trabalho e as despesas com tratamentos médicos. "As companhias estão cada vez mais valorizando profissionais que cultivam um estilo de vida saudável, e a obesidade sugere justamente o oposto disso", diz o médico Ricardo De Marchi, autor do livro Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho. Preocupadas com o excesso de quilos dos funcionários, problema que já atinge 30 milhões de brasileiros, muitas empresas estão tomando atitudes práticas para ajudá-los a manter a forma, convidando, por exemplo, representantes da organização Vigilantes do Peso para palestras ocasionais e atividades de conscientização que se estendem por até dez semanas. É o caso da IBM, Dow Química, Varig, Gillette e do BankBoston. Na Eli Lilly, um programa conseguiu reduzir a obesidade em 80% dos participantes. Na Xerox, depois que uma pesquisa entre os funcionários revelou que 75% eram sedentários e 17% obesos, iniciou-se um projeto emergencial de promoção da qualidade de vida. O restaurante passou a informar as calorias de cada prato e uma balança foi colocada bem na porta de entrada – uma estratégia nada sutil para desencorajar exageros.

O estudo da Universidade de Michigan concluiu que um dos fatores que contribuem para ampliar o preconceito nas firmas é a falta de mobilização dos obesos, que não se enxergam como um grupo. Outras categorias obtiveram avanços significativos – já existe lei nos Estados Unidos que assegura parte das vagas nas grandes empresas aos negros, por exemplo. Até agora, no entanto, o único Estado que prevê punição para a discriminação por peso é Michigan, justamente onde foi realizada a pesquisa que revelou a rejeição explícita aos profissionais obesos. No Brasil, a criação de leis semelhantes ainda não é sequer cogitada. "O obeso sofre preconceito desde criança e desenvolve uma autocensura que o atrapalha pela vida afora", admite a gerente dos Vigilantes do Peso em São Paulo, Cleide Guimarães.





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Um comentário:

  1. É um absurdo uma pessoa ser eliminada em uma entrevista de emprego pelo fato de ser gorda. É o cúmulo do preconceito. As empresas tem que rever seus conceitos à respeito do assunto. Não podemos deixar que isso aconteça. Conheço tantos gordinhos graduados. Jornalistas, publicitários, advogados. Não importa a profissão. O que importa é que não dá pra aceitar ficar desempregado ou ganhar menos porque somos gordos.

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