Cresci observando o movimento das pessoas, sou observadora
de carteirinha, e uma das coisas que mais me chamava atenção era o
comportamento dos homens em relação aos gays,
sempre que um gay passava na rua começava um festival de degradação
humana, eu tinha 8 anos e não conseguia entender, porque tratavam tão mal uma
pessoa que não fez nada apenas passou pela rua normalmente seguindo seu caminho
como todo os outros faziam, mas porque aquela em especifico era tão maltratada,
envergonhada, xingada e as vezes ate agredida, nunca vi a agressão física
propriamente dita, mas vi enumeras promessas de faze-la chegando ate a pegar
pelo braço e dar o aviso de que daria umas porradas na pessoa.
Depois de adulta entendendo a situação
fui achando bem mais absurdo, um dia fui assistir uma apresentação de um grupo
gay da faculdade federal aqui de Salvador,
ouvi uma frase que marcou profundamente, até hoje penso muito nela
quando tento me explicar algumas coisas relacionadas a homofobia, no discurso
de enceramento o rapaz falou: Nós os gays afeminados somos as pessoas que pagam
por toda a raiva da sociedade, somos nós quem apanhamos e que somos
descriminados em nome de todos os gays homens e mulheres, nós apanhamos e somos
xingados nas ruas por todos vocês gays que não dão pinta, sapas que parecem
amigas, é em cima de nós que descarregam todo o ódio.
Primeiro gostaria muito que as pessoas parassem de falar que
essas reações resultado do medo do desconhecido, já não vejo mais por esse
ângulo e digo isso porque desde que o mundo é mundo existem gays, essa reação
não passa de uma maneira de negar a realidade é o controle absoluto do outro, o
costume machista de por rédeas ao que lhes parece tomar o poder, ser um gay e principalmente
afeminado é simplesmente discordar do padrão estabelecido e seguir sua vida do
jeito que a natureza lhe criou, sem se forçar a manter uma postura rígida e desnecessária,
mas o que o homem não controla ele rejeita não rejeita por medo do que não
conhece e sim por medo de perder o poder.
O gay com trejeitos femininos é a demonstração de que
indivíduos fogem a regras impostas e por isso são transformados nos cristos sociais, eles são pegos para
correção surras, xingamentos desvalorização é a maneira mais fácil de meter
medo nós outros e sendo assim manter a cabresto os possíveis transgressores ,
quando se apedreja um gay numa via publica como a Avenida Paulista o recado que
está sendo enviado é simples, é como dizer a todos que ficaram sabendo do crime
a seguinte frase, “Será o seu destino caso descumpra a ordem, caso siga fora do
roteiro, faremos com você o mesmo que fizemos com ele”.
O “Viadinho” é a representação de que a tão falada
virilidade poderosa e dominante do macho é apenas uma farsa, é a personificação
de que um homem pode ser sensível, pode ser delicado e ainda assim ser
homem cumprir com a sua contribuição
social mesmo não sendo o ogro que tem a todo custo se mostrar intocável sobre
os outros seres que o torneiam. O Viadinho, coloca as características mais
temidas e oprimidas nas mulheres em um homem, o carisma, o bom convívio, a inteligência
e a doçura que agrega que agrupa os outros a sua volta, não é a toa que o homem
reprime a mulher e também não seria a toa que o homem reprime violentamente o
homem que consegue sentir como uma mulher.
Usei o termo viadinho, pois foi uma das palavras que mais ouvi na vida sendo dita para desmerecer, repudiar, rebaixar e marginalizar o homossexual, porque citei os homens e não as mulheres se também existem mulheres que fazem isso? Sim existem, mas é uma conta de 1 mulher para todos os homens heteros até mesmo os que dizem nãos ser preconceituosos e ter amigos gays, mulheres gostam de ter amigos gays por motivos variados. Faça as contas pense na realidade coloque sua cabeça pra pensar e descubra que até mesmo você já se referiu a um gay como viadinho só pra diminuir ele perante seu valor estupido e machista.
Bjo da Gorda Milly Costa